Sempre.

 "Be the person your dog thinks you are"

"Cada um lê no poema ...

 ... o poema que traz em si."

Não mudava uma virgula.

Muito do que sou hoje devo a tudo o que li... opiniões criadas, musicas favoritas, pessoas com quem me cruzei, e é obvio que os blogs tiveram um papel importantíssimo na adulta que me tornei. Jovem adulta. Jovem com 30 anos... vá!

31. Ok. 

Fiz parte de uma geração que, na verdade, não se pode definir propriamente como "uma geração". Eu lia tudo e de tudo… havia blogs sobre qualquer assunto, escrito por pessoas dos "8" aos 80 e agora que olho para trás percebo que tudo o que "consumi" deixou muitas marcas na pessoa em que me tornei. 

Troquei ideias, cafés e alguns jantares com pessoas mais velhas, mais novas, conheci realidades muito diferentes da minha que se não fosse através deste mundinho da escrita sinto que seria muito mais limitada principalmente na empatia que tenho com os outros que é uma característica muito "minha". 

Fiz amigos que mantenho até hoje. 

A vida deu muitas voltas, comecei neste mundo por volta dos 15 anos e hoje, com mais do dobro, por vezes procuro ir ler coisas antigas, comentários, conversas que tive, textos que escrevi e é engraçado perceber o quão diferente estou, o quanto não concordo nem me identifico com algumas coisas que escrevi e outras que não mudava uma virgula.

Volto a esses textos essencialmente para me encontrar, para me lembrar do que já senti, para não me esquecer da minha essência e faz efetivamente que por uns minutos  muitas coisas voltem e esse sentimento e é mesmo muito bom. Numa vida que corre a um ritmo incontrolável, em que os Natais chegam tão rápido, voltar a sentir o conforto de quando o tempo andava mais devagar é para mim um verdadeiro luxo. 

Hoje em dia, deparo-me com esta luta interna, sobre o que sou e o que fui. Como me adaptei às responsabilidades da vida adulta mas como nunca quis perder a essência que tinha e que por vezes sinto que é apagada e atropelada pela hipotética velocidade do tempo.

A musica e os cheiros provocam o mesmo efeito em mim. Encontrar "eu's" do passado, que me trazem uma grande satisfação e bem estar. Fazem-me esquecer do Mundo (rápido e assustador) em que vivo e por momentos encontro a paz que já tive.

Durante largos anos tinha uma regra: usar sempre o mesmo perfume durante uma temporada e depois de o usar não voltar a repetir. Fazia com que sempre que sentisse os cheiros me viessem à memoria momentos muito específicos que vivi com eles.

Com a musica não tenho propriamente uma regra, mas há musicas que me proíbo de ouvir, há musicas que ouço quando quero procurar alguma coisa dentro de mim e outras que é impossível deixar de ouvir.

Amanhã vou, novamente, a um concerto dos The Script. Esta banda entrou na minha vida ao mesmo tempo que o blog. O blog secreto onde me escondia por trás de um nome e de uma foto meia aleatória de um pescoço com uma tatuagem que eu não tinha. 

Fui muito feliz a escrever ali. 

Esta banda acompanhou-me até aos dias de hoje, acompanhou-me em fases muito duras e difíceis de ultrapassar e noutras muito felizes. Sempre que vou a um concerto deles, e já lá vão uns quantos, sinto sempre que é uma espécie de terapia, que volto a ser a miúda com cerca de 15 anos, que começou a escrever um blog, que não sabia nada do que viria por ai mas que tinha grande parte do tempo a tocar de fundo a musica deles. 

"Drinking old cheap bottles of wine
Shit talking up all night
Saying things we haven't for a while
A while, yeah
We're smiling but we're close to tears
Even after all these years
We just now got the feeling that we're meeting
For the first time "

"If you could see me now, would you recognize me?

Would you pat me on the back or would you criticize me?

Would you follow every line on my tear-stained face?

Put your hand on a heart that was cold as the day you were taken away?"

"There'll be a smile on my face and the kettle on

And it will be just like you were never gone
There'll be a light in the hall and a key under the mat
If you ever come back if you ever come back now"


" 'Cause if one day you wake up and find that you're missing me

And your heart starts to wonder where on this earth I could be
Thinkin' maybe you'll come back here to the place that we'd meet
And you'll see me waiting for you on the corner of the street
So I'm not moving, I'm not moving
I'm not moving, I'm not moving "

"I can't unfeel your pain
I can't undo what's done
I can't send back the rain
But if I could I would

My love, my arms are open"

"'Cause baby, when you're gone

All it does is rain, rain, rain down on me"

" 'Cause when a heart breaks no it don't break even, even, no"

"Cause when you go solo, end up feeling so low
You become your own worst enemy
Thinking that there's no hope, and your boat won't float
This is what she said, what she said to me
No man is an Island"

Procurar o que, talvez, nunca fui.

 Take me where summer never ends. 

Seremos sempre cinco...

 

"na hora de pôr a mesa, éramos cinco:
o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs
e eu. depois, a minha irmã mais velha
casou-se. depois, a minha irmã mais nova
casou-se. depois, o meu pai morreu. hoje,
na hora de pôr a mesa, somos cinco,
menos a minha irmã mais velha que está
na casa dela, menos a minha irmã mais
nova que está na casa dela, menos o meu
pai, menos a minha mãe viúva. cada um
deles é um lugar vazio nesta mesa onde
como sozinho. mas irão estar sempre aqui.
na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco.
enquanto um de nós estiver vivo, seremos
sempre cinco."

1.

 Voltei ! 

(: